domingo, 4 de novembro de 2012

O CANGAÇO EM GOIANINHA

    O cangaço é fato conhecido de todos, porém o cangaço teve mairo abrangência no sertão nordestino. porém Goianinha tem suas histórias ligadas ao cangaço. Nossa hisória começa no início do mês de fevereiro de 1906, quando chegou a cidade um casal, desconecido da sociedade local. A mulher era uma bonita moça, branca, aparentando ter a jovem uns 18 anos de idade, que se chamava Ana Maria da Conceição e vinha acompanhada de um homem negro.
    A comunidade não sabia, mas aquele homem era um conhecido e temível cangaceiro acunhado como Rio Preto, personagem de nossa história.
    Surpreendentemente o desconhecido procurou o delegado local, Manoel Ottoni de Araújo Lima(proprietário do Engenho bom jardim), para conseguir trabalho como agricultor ou em alguma outra função. O delegado não lhe deu serviço, mas indicou-lhe o engenho “Bosque” cujo proprietário era o padre João Alípio da Cunha(engenho hoje de propriedade da família Barbalho), este igualmente lhe negou trabalho, mas o despachou para o engenho “Jardim”, onde o administrador Manoel Lúcio Peixoto admitiu o aparente e inofensivo trabalhador.
    Os primeiros dias de Rio Preto como trabalhador do campo seguiam tranquilos. Contudo, entre a comunidade, a desconfiança era geral. Chamava muita a atenção o fato daquele humilde trabalhador rural, acompanhado de uma mulher considerada bonita e além de tudo branca.
    Para a sociedade do Rio Grande do Norte, que até hoje ainda não se livrou de atitudes preconceituosas e racistas com relação aos negros, este casal inter-racial, chegando à provinciana vila de Goianinha de 1906, chamou muito a atenção do lugar.
    Na noite de segunda-feira, 19 de fevereiro de 1906, um grupo armado atacou uma propriedade distante12 quilômetros de Goianinha. Os bandidos chegaram de surpresa, anunciaram o assalto e em seguida passaram a arrombar a porta da sede da fazenda. O proprietário Carlos de Paiva Rocha consegue fugir com uma irmã para os matos. O grupo de bandidos, senhores da casa, praticam de extrema violência contra o vaqueiro Antonio Gomes, para este dar conta dos objetos de valor ali existentes. Os celerados levam jóias, outros objetos pessoais, roupas e três cavalos para a fuga, deixando um prejuízo superior a um conto de réis. Em meio às ameaças, um dos bandidos afirma ser o “célebre Antônio Silvino, o Rifle de Ouro”. Logo a notícia se espalha e a região fica em estado de alerta.
    Aparentemente o trabalhador negro, que todos desconheciam ser Rio Preto não tinha ligação com o assalto ocorrido na propriedade “Martelos”. Mas não é difícil supor que naquele momento, todo forasteiro passasse a ser considerado suspeito.
    Estas desconfianças fizeram o administrador da fazenda “Jardim” buscar “jeitosamente”, como afirma o jornal “A Republica”, junto ao seu novo empregado maiores informações sobre seu passado, prometendo-lhe proteção em troca da verdade. Rio Preto, sem desconfiar, abriu o jogo sobre suas andanças no cangaço e sua participação no bando de Antônio Silvino. O administrador Manoel Lúcio promete guardar segredo.
Em pouco tempo Manoel Lúcio Peixoto, procurou discretamente o delegado e relatou tudo que o disfarçado cangaceiro tinha lhe falado.
Em 19 de fevereiro, sem esboçar resistência, o temível cangaceiro Rio Preto foi detido pelo delegado Cel. Manoel Ottoni. Rapidamente foi providenciado o transporte do cangaceiro para a capital do estado através do trem da Great Western.



A prisão virou notícia na imprensa.


     Houve um princípio de alteração quando Rio Preto soube que viria para Natal sem sua companheira Ana Maria. Esta por sua vez foi levada para a delegacia de Goianinha, onde em seu depoimento, declarou ter sido raptada pelo cangaceiro, desvirginada por ele e passou a segui-lo espontaneamente.
    No dia 20 de fevereiro, Rio Preto foi apresentado ao Chefe de Polícia do Rio Grande do Norte (cargo equivalente hoje ao de Secretário de Segurança), Heliodorio Fernandes de Barros, que telegrafou ao Chefe de Polícia de Pernambuco, Santos Moreira, que exultou com a notícia e organizou a transferência do detento, que no dia 23 o prisioneiro seguiu para Recife no vapor “Una".

4 comentários:

Unknown disse...

Caríssimo amigo Juvino, idealizador do blog Baú de Goianinha, receba meus cumprimentos. Desde já se encontra na nossa aba de blogsites o link de divulgação e acesso para seu blog. Fica com Deus e pode contar comigo sempre que requisitar.

Professor Juvino Pegado Cortez Neto disse...

Eu que agradeço ao colega Erivan Ferreira a atenção e estima.

Unknown disse...

Olá, parabéns pelo Blog. Moro em Goianinha, sou historiadora e venho desenvolvendo pesquisas sobre escravidão, migração e sociedade em Goianinha na UFRN. Criei uma página no facebook "Histo é Goianinha", com o objetivo de aproximar a história de Goianinha a população atual. Desde já peço permissão para utilizar seu blog como referência. Se quiser entrar em contato deixarei meu e-mail.

Att; Dayane Carvalho

dayannedias10@hotmail.com

Unknown disse...

Muito Bom! Parabéns!
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Alguma sugestão de outras leituras sobre o assunto?